Comédia Nacional Séries

A Grande Família (1972)

É a primeira versão da série, lançada nos anos 70, sobre o cotidiano de uma família brasileira com seus engraçados problemas.

Emissora: Rede Globo.
Transmissão Original: de 26 de outubro de 1972 a 27 de março de 1975.
Duração: 50 minutos.
Temporadas: 1 (105 episódios).
Preto e branco e cores.
Companhias Produtoras: Rede Globo.

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A Série.


A Grande Família foi a primeira comédia de costumes da Rede Globo. Estreou no dia 26 de outubro de 1972 com o primeiro episódio sendo transmitido ao vivo. Baseava-se inicialmente na série norte-americana All in the Family, a “tradução”, no entanto, não conseguiu nenhum apelo junto ao público, que não se identificou com as situações exibidas.  A partir do segundo ano de exibição, procurou adaptar-se à realidade nacional. Nessa nova fase, a redação passou para as mãos de Oduvaldo Vianna Filho (Vianninha) e Armando Costa, e o texto começou a apresentar uma forte dose de crítica social e política, feita através de metáforas, para driblar a censura. Paulo Afonso Grisolli assumiu a direção geral do programa, que era supervisionado por Daniel Filho.

Apesar da sutileza no tratamento das questões, A Grande Família teve muitos problemas com censura. Um dos principais alvos era o personagem Júnior, que assumia uma postura considerada excessivamente politizada. As suas falas eram quase sempre censuradas e, em certo momento, houve tantos cortes que o programa não pode ser levado ao ar. Como forma de contestar o ato bárbaro, a emissora pôs no ar a reprise de uma partida de futebol

Grande Família fez muito sucesso entre o público, que se identificou com os problemas da família de Lineu. Segundo Oduvaldo Vianna Filho, o programa era uma ironia às dificuldades do povo e uma crônica da família. Ele chegou a dizer que era a democratização do fracasso, não no sentido da derrota, mas de solidariedade com os não-vitoriosos, que enfrentam e vencem toas as situações apresentadas.

Segundo Jorge Dória, embora Vianninha escrevesse um texto aparentemente juvenil para o programa, as mensagens eram transmitidas. O ator descreve Lineu como um herói que tinha e carregar, com todas as dificuldades financeiras, uma família cheia de problemas, morando ao lado de uma pedreira numa casa que explodia com as explosões.

Após o fim do programa, alguns episódios foram reapresentados. Em 1987, a Rede Globo exibiu um especial de Natal onde os personagens permaneceram os mesmos, assim como o elenco – com exceção de Agostinho, que voltou à cena interpretado por Nuno Leal Maia. Com os integrantes mais velhos e ainda com mais problemas do que antes, a família havia crescido, com o nascimento dos netos de Lineu e Nenê.

Foi adaptado para as histórias em quadrinhos, tanto em tiras diárias por Harry Bishop para o jornal britânico Daily Express, quando revistas em quadrinhos publicadas pelas editoras Dell Comics e Gold Key Comics (selo da Western Publishing), o italiano Alberto Giolitti ilustrou algumas dessas histórias, no Brasil, foram publicadas pela EBAL na revista “O Poderoso”.

A História.


O seriado humorístico abordava de forma cômica os problemas cotidianos de uma típica família de classe média baixa brasileira, composta por Lineu (Jorge Dória), um veterinário mal remunerado, e Nenê (Eloísa Mafalda), uma supermãe que cuidava de casa e dos problemas domésticos; os filhos Júnior (Osmar Prado), um estudante contestador, e Tuca (Luiz Armando Queiroz), um hippie desligado; a filha Bebel (Djenane Machado, depois substituída por Maria Cristina Nunes) e seu marido Agostinho (Paulo Araújo), garçom de motel; e ainda Floriano (Brandão Filho), o avô aposentado que dormia no sofá da sala.

Através do dia-a-dia dessa família –  que vivia mergulhada na luta pela sobrevivência, mas que, apesar de tudo, superava as dificuldades e permanecia unida. – eram abordadas questões sociais, como desemprego e falta de dinheiro. As criticas ao regime político eram feitas com muita criatividade. O episódio “O Recadão”, por exemplo, trazia referencias  sutis à censura. Os personagens, por não conseguirem se comunicar, passaram a deixar recados escritos um para o outro, mas esses recados eram mal interpretados e as próprias pessoas da casa passaram a censurá-los.