É uma série brasileira de sucesso, lançada nos anos 80, que narra as aventuras de Juba e Lula, junto com seus amigos Zelda e Bacana.
Emissora: Rede Globo, Multishow e Viva.
Transmissão Original: de 17 de maio de 1985 a 8 de dezembro de 1988.
Duração: 33 minutos.
Temporadas: 4 (40 episódios).
Cores.
Companhias Produtoras: Rede Globo.
A Série.
Armação Ilimitada estreou no dia 17 de maio de 1985 misturando aventura e esportes, além de outros temas típicos da Zona Sul carioca e da juventude em geral.
Inicialmente integrado a Sexta Super, faixa de programação do horário nobre da Rede Globo, Armação Ilimitada era exibida uma vez por mês, em episódios de 45 minutos de duração. A série teve assegurada sua continuidade e passou a ser quinzenal após ganhar na Espanha o prêmio Ondas de melhor série.
O programa foi criado a partir de um esboço feito por Kadu Moliterno e André de Biase, que haviam trabalhado juntos na telenovela Partido Alto (1984). A ideia foi concretizada por Daniel Filho, que apostou e investiu no seriado. Tanto Biasi como Moliterno eram esportistas na vida real o que facilitou bastante as filmagens, dispensando muitas vezes o uso de dublês em cenas perigosas. As cenas onde os personagens surfam, por exemplo, eram feitas pelos próprios atores.
A série inovou a linguagem televisiva no Brasil, fazendo uso do humor satírico e do tom surreal conferido a algumas cenas, sendo considerada uma das mais completas traduções das histórias em quadrinhos para a televisão que se deu no Brasil, com balões, recorte de quadros, edição clipada, alteração de cores, citações descaradas da cultura pop, muito som, fúria e estilos de vida incomuns. Referências não faltaram aos enlatados norte-americanos como: Swat, Magnum, A Dama de Ouro (ou melhor… de couro) e até as onomatopeias escritas na tela, algo visto com frequência no seriado do Batman.
A fotografia de Armação Ilimitada era mutável, já que para cada referência feita, era criado um cenário compatível, além de iluminação e figurinos que remetiam os telespectadores a um mundo diferente em cada episódio.
Armação Ilimitada foi exibido numa época de grande euforia, com o fim do regime militar. Este fato refletia-se na produção artística. No primeiro episódio da série, por exemplo, todo o elenco iria se reunir para cantar “Merda”, música de Caetano Veloso. A cena idealizada por Nelson Motta, não foi liberada para exibição.
No dia 8 de dezembro de 1988, o seriado deixou de ser exibido, mas Kadu Moliterno e André de Biasi voltariam na série Juba & Lula no ano seguinte. Juba e Lula hoooooo!!! Lembra?
Armação Ilimitada, foi reapresentada várias vezes: em 1988, alguns episódios foram ao ar na Sessão Aventura; em 1990, foram uma das atrações do Festival 25 Anos; em 1997, quando a Globo perdeu os direitos dos jogos de futebol para o SBT o seriado preencheu as tardes de domingo com reprises de alguns epuisódios; e em 2005, comemorando os 40 anos da Rede Globo, no canal a cabo Multishow. De janeiro a abril daquele ano, foram reapresentados os três primeiros anos da série, na íntegra.
Em maio de 2011 foram reprisados alguns episódios no Canal Viva, substituindo o seriado A Justiceira, em comemoração ao 1° ano do canal. Devido ao sucesso no mês de maio de 2011 o seriado continuou sendo exibido pelo Viva depois do mês de maio. Entre 2 de abril e 27 de junho de 2012, o Canal Viva realizou uma segunda reprise da série.
A trilha sonora, creditada a Ari Mendes, tem o riff de guitarra na abertura retirado quase que integralmente da música Say What You Will, da banda Fastway, em seu primeiro disco, de 1983.
Em 2008 foi lançado um box com 2 DVDs dos melhores episódios pela Som Livre.
A História.
O enredo não era muito comum, logo de início tínhamos um triângulo amoroso bem imponderado, entre seus protagonistas e a inserção de um menor abandonado que mesmo encontrando o carinho de uma mãe adotiva e dois pais super aventureiros, não perdia a chance de se lamentar. Os episódios eram intercalados pela narração da locutora Black Boy (Nara Gil), dando um ritmo de videoclipe aos episódios.
Os conhecidos heróis Juba e Lula eram os integrantes da Armação Ilimitada, uma firma que oferecia serviços de dublês e qualquer trabalho que envolvesse esportes radicais, locada num espaço meio expressionista com escadas que davam pra lugar nenhum, decorações multicores, muito néon e uma F-1000 na garagem com o nome da firma. Juba e Lula dividiam o amor e a mesma casa com a quase jornalista Zelda Scott e sempre contavam com uma pequena ajuda do menor órfão Bacana em suas aventuras. Dando um maior toque cômico à série, tínhamos a confidente de Zelda chamada Ronalda Cristina, uma mãe solteira maníaca por regime e com uma filha telecinética chamada Zeldinha Cristina, um bebê com superpoderes e com um carrinho que mais parecia uma nave espacial.
Nos diálogos malucos na sala do chefe do “Correio do Crepúsculo”, Zelda e o seu patrão (Francisco Milani), abusavam das metalinguagens e metáforas engraçadas enquanto Milani não perdia a chance de massacrar sua jornalista mais odiada. O chefe de Zelda aparecia sempre caricaturado de acordo com o momento específico da relação com a funcionária. Os dois podiam aparecer numa tempestade em alto-mar ou numa praia com sombra e água fresca, tudo sem sair do escritório.
No quarto ano de exibição, o programa sofreu algumas modificações no enredo e equipe. Zelda deixou o jornalismo, envolvendo-se em outras atividades, sempre com o mesmo chefe. Bacana entrou para escola e formou uma turma de amigos, criando um novo núcleo de histórias.
A Produção.
Cada episódio levava, em média, 12 dias para ser gravado, o que é muito tempo em televisão. O custo, entretanto, não era alto, porque a equipe de produção usava poucos recursos e muita criatividade para fazer o programa. O estúdio de TV em que Juba e Lula moravam, por exemplo, era um estúdio abandonado nas instalações da TV Globo, que o cenógrafo Luís Antônio Caligiuri transformou em cenário deixando à mostra elementos dos bastidores da televisão. O carro que os dois personagens usavam nas cenas de ação era o mesmo que a equipe de produção usava para visitar as locações do seriado. Boa parte delas sugerida pelos próprios Kadu Moliterno e André de Biasi.
Esse formato de produção permitiu que a equipe de criação gastasse mais tempo com o texto do seriado. As limitações da produção eram, inclusive, transformadas em piada pelos roteiristas. Muitas vezes, durante uma sequência de ação em que tinham que executar uma manobra mais mirabolante, Juba e Lula olhavam para a câmera e, dirigindo-se ao telespectador, informavam que não seria possível continuar a cena por falta de recursos de produção.