Em maio de 1955 estreou na Tv Tupi um programa infantil com uma linguagem diferente daqueles que vinham figurando na Tv brasileira, na verdade o percussor de infantis como A Turma do Lambe-Lambe, o programa Histórias Animadas.

Durante os seus 10 anos de exibição o programa foi dirigido por nomes como: Ewaldo Rui, Luiz Galon. Cambizes Martins, Fernando Barroca Marinho, Cícero Schneider, David Cohen, Geraldo Casé, Gaetano Guerardi e Wilson Luis.

Gladys Mesquita Ribeiro, ou Tia Gladys, como ficou conhecida, lecionava (desenhando também), era decoradora e programadora visual (folders, cartazes, etc), até que decidiu ir à TV Tupi, oferecer um programa que se chamaria “Você sabe onde pisa?”. No qual ela desenharia trechos de paisagem nas ruas, informando sobre a história do personagem que dava nome à rua.

Na ocasião, o então diretor David Cohen, repudiou a idéia dizendo que o que necessitava era de um programa infantil. Como Gladys já havia utilizado o instrumental de desenho enquanto professora aceitou o convite, dando início a um dos infantis mais lembrados da história da nossa Tv.

Em dezembro de 1955, ainda com Trotta na direção, o programa mudou-se para a TV Rio, onde com o patrocínio dos Brinquedos Estrelas recebeu o nome de Estrelândia – No Mundo dos Brinquedos. Na nova emissora conservou o formato original de contação de histórias, ficando em exibição até janeiro de 1956. Na nova emissora o infantil ficou com o horário das 19h15 das terças-feiras.

O programa, com 25 minutos de duração, era apresentado a cada dia em um estado diferente. Segunda no Rio; terça em São Paulo; quarta em Curitiba, enfim, uma cidade para cada dia da semana.

No programa, que era apresentado ao vivo, Tia Gladys, com uma folha de papel craft e um fuzain (tipo de carvão), ao mesmo tempo em que contava, também desenhava as histórias que encantaram toda uma geração de crianças. Muitos aprenderam a desenhar com ela, que fascinava o seu público com uma habilidade extraordinária para desenhar.

Seus personagens ficaram imortalizados na mente de quem a assistia, personagens como: a esperta e meiga formiguinha Gida, a gatinha Clarinha (uma homenagem à sua filha), a peixinha Marci, a abelhinha Domi, a cachorrinha Lelete, (inspirada num cachorrinho pequinês que a Tia Gladys ganhou do Chico Anísio) e o sapo Godô.

Com o tempo foram criados temas musicais cujos compositores foram: Luis Carlos Dória, Homero Moutinho, Sérgio Bittencourt e Roberto Menescal. O programa contava com a colaboração e a voz de cantores como Beth Carvalho e Lúcio Alves que enviavam músicas gravadas como fundo durante os desenhos.

Na década de 60 o programa saiu da Tv Tupi e foi para a TV Excelsior, mas continuou embalando as crianças com histórias repletas de fantasia e ternura, até o dia em que a direção comercial da emissora começou a colocar comerciais de bebidas alcoólicas nos intervalos, deixando Tia Gladys insatisfeita a ponto de preferir rescindir seu contrato.

Depois do programa Gladys não parou, escreveu 38 livros, divididos em três coleções: “Gladys e seus Bichinhos”, “Histórias do meu Jardim” e “Mundo Infinitamente Pequeno”, além de gravar 20 discos.