Emissora: Tv Globo.
Ano de Produção: de 1988 a 1990 e 1992.
Cores.
Companhias Produtoras: Rede Globo.

Com direção de Guel Arraes, o programa Tv Pirata foi um humorístico com a proposta de satirizar a televisão brasileira. Com estréia no dia 5 de junho de 1988, o programa ia ao ar sempre as terças-feiras às 21h30. O elenco básico era formado por Cláudia Raia, Cristina Pereira, Deborah Bloch, Diogo Vilela, Guilherme Karan, Louise Cardoso, Luiz Fernando Guimarães, Marco Nanini (depois com Pedro Paulo Rangel em seu lugar), Ney Latorraca e Regina Casé, todos se revezando entre vários personagens.

Tv Pirata tinha vários tipos de humor, dos esquetes mais tradicionais ao non sense absoluto. Parodiava-se toda a programação da televisão desde novelas até telejornais, passando por programas de entrevistas e seriados, com quadros que variavam a cada semana. Na estréia foram 33 quadros ao ar e apenas alguns permaneceram, como o seriado de guerra “Combate”, a novela “Fogo no Rabo”, uma paródia da novela Roda de Fogo (1986), e o romântico “Shirley e Euclides”.

Em o “Casal Telejornal”, por exemplo, tudo fazia lembrar um noticiário normal, o enquadramento, o cenário, a roupa e postura dos dois âncoras (Luiz Fernando Guimarães e Regina Casé), mas quando a câmera abria, era possível se perceber que o casal não estava num estúdio, mas sim e um lugar insólito, como a cozinha da sua própria casa. Ninguém esquece também do personagem de Guilherme Karan, que era o símbolo do machismo, daquele que não estacionava o carro, puxava a calçada, e que ganhou até um comercial de tevê sobre panelas.

O texto do programa, escrito por nomes como: Mauro Rasi, Luis Fernando Veríssimo, Patrícia Travassos, Vicente Pereira, Pedro Cardoso, Felipe Pinheiro, Humbert, Bussunda, Cláudio Manoel, Reinaldo, Hélio de La Pena, Beto Silva e Marcelo Madureira, inspirava-se na realidade brasileira. Temas como gangues de rua, violência infantil, situação dos presídios e crime organizado eram abordados como forma de esquetes cômicos. Um dos personagens de destaque nesse primeiro ano foi Barbosa (Ney Latorraca), que repetia a última silaba pronunciada pelos interlocutores e integrantes do elenco de “Fogo no Rabo”. Em 1989 quando o quadro foi substituído por “Rala Rala”, sátira das novelas rurais exibidas pela Globo, o personagem ganhou um quadro próprio o “Barbosa Nove e Meia”, inspirado no Programa do Jô Soares no SBT, Jô Soares 11 e meia.

Em 1989, o programa teve as estréias dos quadros “Pestana” e “As Presidiárias”, com destaque, nesse último. para a personagem Tonhão (Cláudia Raia), uma lésbica bem masculinizada. Cláudia Raia trabalhava ainda, como Mulher Maravilha, no quadro “Super Heróis”, contracenando com cinco homens: Marcos Nanini fazia o Super Homem velho, que mal se levantava; Diogo Vilela fazia um Robin efeminado que tinha um caso com Batman, vivido por Guilherme Karan; Luiz Fernando Guimarães encarnava o Homem Elástico; e Ney Latorraca, o Aquaman.

Outros quadros de destaque no segundo ano foram o “Milionário Esperança”, uma paródia da campanha “Criança Esperança”  e “A Janela Indiscreta”, uma homenagem bem-humorada ao filme de Alfred Hitchcock. Já no terceiro ano de Tv Pirata, com Marco Nanini de volta ao elenco, estrearam os quadros “A Perseguida”, “Loucademia de Ginástica” e “o Segredo de Darcy”. O terceiro ano contou ainda com a participação de Maria Zilda e Denise Fraga, mas foi cancelado no dia 31 de julho de 1990, ficando dois anos fora da programação da emissora.

Em 21 de abril de 1992, o programa voltava em nova fase. A principal mudança foi a escolha de um tema especifico para cada edição do programa, que passou a ser exibido mensalmente. Ao elenco anterior, ainda sob direção de Guel Arraes, juntaram-se Marisa Orth, Otávio Augusto e Antonio Caloni. As piadas continuaram satirizando a televisão e o cotidiano brasileiro. Um dos quadros dessa reestréia era o “Recessão da Tarde”, que anunciava os seguintes filmes: “Apertem os cintos...o salário sumiu” e “Querida, Engoli as Crianças”.

O humor do programa Tv Pirata acabou agradando tanto aos adultos quanto as crianças e em 1988 ganhou o prêmio da Apca de melhor humorístico daquele ano. Já em 1990 Guel Arraes ganhou como melhor diretor e Diogo Vilela como melhor comediante o mesmo prêmio.